O tema “transformação digital” já deixou de ser uma mera discussão teórica ou acadêmica. Trata-se de uma realidade no cotidiano das pessoas e das organizações. Sobretudo em tempos em que cresce a necessidade de adoção do trabalho remoto em função de fatores diversos.
Nesta temática, existem dois conceitos fundamentais que precisam ser lembrados. O primeiro é que as tecnologias digitais devem ser empregadas objetivando as melhorias de processos e produtividade. O segundo conceito é que as transformações digitais devem ter como foco o atendimento às pessoas.
Muito bem, não é difícil compreender essas duas premissas e enxergar na prática diversas possibilidades de ações que as atendam. Por exemplo, a robotização das linhas de produção, buscando aumento de volume e qualidade. Outro exemplo é o autoatendimento bancário em terminais digitais, distribuídos estrategicamente, a fim de garantir maior rapidez e conforto aos usuários.
Mas como a transformação digital pode trazer melhorias de produtividade ou benefícios às pessoas, quando pensamos na sua aplicação na Educação Corporativa?
Muitas organizações se deparam com o desafio de ter que substituir seus treinamentos presenciais por outra modalidade alternativa de aprendizagem. Isso pode ser motivado por fatores diferentes em momentos distintos, tais como: a necessidade de reduzir custos, a impossibilidade de reunir todos os treinandos em um único local, a dificuldade de deslocar um especialista/instrutor para várias localidades a fim de ministrar as aulas, etc.
Muitos vão pensar naturalmente em tecnologias que sejam capazes de solucionar tais desafios. Quantos adultos você conhece que já possuem um smartphone? Talvez a melhor pergunta seja: você conhece algum que não possua um smartphone?
As tecnologias digitais já estão completamente inseridas nas nossas vidas, e citamos o smartphone pois esse talvez seja o melhor exemplo disso, mas podemos pensar também na maneira como realizamos transações bancárias on-line, como pedimos comida em casa por aplicativos, como assistimos filmes e séries sob demanda, na forma como nos comunicamos em grupos de whatsapp e redes sociais, como obtemos via Internet os resultados de um exame realizado em um laboratório clínico, e por aí vai.
Vivenciamos uma transformação digital ampla e contínua em nossas vidas.
Porque então muitos enxergam a tecnologia como um verdadeiro tabu na educação? Porque estamos prontos para incorporar as novas tecnologias em tudo o que fazemos, mas encontramos restrições quando o assunto é educação?
Aqui vamos nos ater à educação corporativa, aplicada para adultos. De fato, não precisamos aqui relacionar todas as inúmeras vantagens ou benefícios que a educação mediada por tecnologias pode oferecer. Vamos destacar somente 3 vantagens para a nossa reflexão imediata: flexibilidade, rapidez e personalização.
- Flexibilidade para buscar, encontrar e aprender aquilo que é necessário no momento mais adequado. Isso significa não ter que se adequar a um horário pré-determinado. É seguir o seu próprio ritmo de aprendizagem. Esse é um grande benefício diretamente ligado ao ganho de produtividade do indivíduo, além de lhe garantir flexibilidade.
- Rapidez para aprender. É não ter que esperar uma turma presencial acontecer para começar a aprender. Significa aprender antes e com isso trazer resultados mais cedo. Novamente estamos falando de produtividade.
- Personalização da aprendizagem. Isso pode ser obtido de diferentes maneiras, mas em suma estamos falando de o indivíduo obter uma experiência única de acordo com as suas necessidades de aprendizagem. Significa seguir um caminho mais objetivo e racional. Isso também representa produtividade.
Alguns apontarão a baixa efetividade da educação on-line para criticar a sua aplicação, mas será que isso é real? São inúmeros os casos bem sucedidos de empresas que adotaram estratégias de educação on-line com grande êxito, incluindo a efetividade da aprendizagem.
É claro que tudo aquilo que é novo para alguém, acaba gerando desconfiança e medo. Além disso, é possível implementar um projeto de educação on-line adequado ao contexto de um projeto ou não. Assim como existem aplicativos para smartphone que não funcionam tão bem, podem existir programas de aprendizagem on-line com falhas.
A discussão então não deveria ser se a aprendizagem on-line funciona, mas sim o que deve ser feito para que ela seja implementada da maneira correta?
Os processos educacionais corporativos fazem parte de um sistema de ordem cultural holístico, não somente para uma organização, mas para o mercado como um todo. E não existe uma receita de bolo genérica, que possa ser aplicada a qualquer empresa. Cada contexto é de fato único, o que envolve a cultura da organização, os públicos a serem treinados e os temas a serem abordados.
Por isso é tão importante contar com o apoio de especialistas que sejam capazes de compreender esse contexto para direcionar soluções educacionais assertivas. E é preciso começar, sobretudo porque um projeto de educação on-line é um processo evolutivo e de amadurecimento cultural.
Ainda mais quando nos lembramos que a transformação digital simplesmente não para e que seu impacto nas nossas vidas e na forma como aprendemos é algo contínuo e permanente.